Epistolae Abyssum – I

Quem disse que o abismo nos contempla de volta, não estava brincando. Daqui onde estou, não vejo sentimento diferente que esse antecipar que, eu sei, nunca chegará: esperança é palavra vazia.

Algo acontece. Sinto uma luta interna. Alma, se ainda a possuo, a imagino abandonada, igualmente desprovida de qualquer sentido. E se te escrevo é para não sucumbir à loucura que impera nessa região.

Estou só. Demônios em sua constante luta caótica contra os diabos de outros planos. Por mais se pareçam, aqueles só sabem avançar furiosamente contra seus opositores, parecendo pouco importar se os derrotam ou não.

Claro… o abismo vomita incessantemente seus habitantes. Sinto-me parte já desse refluxo: um rejeitado.

K.

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